quarta-feira, 16 de março de 2016

Olhos para pensar - A fantastica historia de Rose

Venha me beijar
Meu doce vampiro
Ou, ou
Na luz do luar
Ãh, ãh
Venha sugar o calor
De dentro do meu sangue vermelho
Tão vivo tão eterno, veneno
Que mata sua sede
Que me bebe quente
Como um licor
Brindando a morte e fazendo amor

O sol que ilumina em sua pele, a queimar a carne rígida e desenhada. A penugem dourada de sol a contrastar com sua cor morena. Morena de todos os sóis como seus olhos negros de um aviso a qualquer e brilhantes de todas resoluções, um mistério de fundo oceano, um vazio que por dia ficava a cuidar a mesma paisagem. Tenra de toque, macia de pele, coxas como os braços, de bem desenhados a esperar por alguma companhia solitária. Os pés finos, pouco delicados a quem anda de sol a sol. A lembrança de suas praias, a lembrança de seu pescoço, a sustentar um cordão fino e dourado, caído sobre seu busto tímido, todos os beijos de sua nuca. Todo seu busto, como se fosse apresentar dois jovens frutos de uva e toma o ventre esguio e plumado de seus pequenos pelos, mais uma vez, a levar a fenda tão desejosa e despida, macia como de uma jovem e lã doce. Desenhando em seu corpo as coxas que sonhastes, a levar de seu pequeno quadril, de desenhada bunda a sorrir no balançar do andar. Ela, para se dizer que não, em seus cachos tão volumosos como estandarte, o negro a contrastar com os dourados de suas pontas, fazia volume e balançava pelos ombros. O cabelo lhe dava harmonia, e seu rosto fino, seu nariz pequeno e de seus lábios bem desenhados, nem carnudos nem finos, com seus olhos de índia, mulata, negro, o pavor de todos homens ou mulheres. Ela vestia por assim, deste seu corpo tão cheio de perfeições para um jovem pecado, toda a riqueza de uma manhã, para quando fosse levar esse corpo até o lugar que fosse, vagar, por calçadas tão estreitas, a esbarrar em sua beleza, as pequenas coisas de seus traidores, esses vultos que andam pela rua, para quando ficam a confrontar suas vidas.

Tragou o ultimo de seus cigarros e voltou seu corpo dentro do apartamento. Rose, tímida de seus desejos, ocupada de suas frustrações. Ainda pensar na bela negra que saia de seu prédio as sete da manhã, sem pressa, de como podia, por alguns minutos ela foi ali, se apaixonar por alguém que desconhecia o cheiro ou razão, voz ou vulto de alma. Rose, de cinza do pijama que flutuava, os pés brancos pelo carpete grosso, a blusa fina, branca e de alças que lhe caiam ao ombro, meio seio a mostrar, mamilos tímidos de frio na manhã. Os cabelos estavam curtos, os dentes da frente levemente separados, orelhas pequenas demais para seus inúmeros brincos. Se atirou pelo aconchegante sofá bege. Puxou um lençol sobre seu corpo e ficou a namorar a cidade pela janela. Os inúmeros prédios, brancos, cinzas, azuis, amarelos, velhos, pretos, as nuvens, os poucos pássaros, os poucos aviões, um voo para Porto, um voo para o nordeste. Seus olhos estão se fechando, seus pés se descobre, sua mão pende para fora do sofá. Ela adormece por ali mesmo. Acorda, e só desperta mesmo passado meio dia. O som da cidade invade pela janela a todos os cômodos. Ela olha pela sala já iluminada pelo sol. O relógio da cozinha, mesmo distante, ainda marca dez da manhã, sabendo que estava errado vai procurando aos vincos do sofá o celular perdido. O encontra. Doze notificações. Dois e-mails, sete mensagens do WhatsApp, duas notificações do Facebook e uma ligação perdida. Ele que não liga ligou, por alguma espécie ou milagre. E quando ela se deu por si, ele já estava por ali, na cozinha, e ao mesmo que pode ver ele ali já foi percebendo que ele esquentava algo no forno, tinha cheiro de queijo, e parecia bom, ou ela estava com fome. Ele sem camisa, magro, alto, descabelado, como sempre, como se saído de um noite underground, mas ainda assim era sua casa. Não mais charmoso que a primeira vez que o viu, era mais jovem, mais brilhante, parecia que os olhos faiscavam de alguma coisa sepertina, magica. Hoje ele era quase opaco, sem cor, parecia sempre ocupado com algo, possuía um vazio bem perceptível aos olhos de estranhos. Não ficava. Quando saiu por tras da mesa levara um prato a mão, era lasanha, um suco de laranja, ou uva. Ele senta próximo dela, em outro dos sofá, ela sorri e pergunta sobre sua manhã, ele sorri e lhe oferece um beijo na testa. Ela fecha os olhos, sente seu cheiro, sente o cheiro do prato. Pega em sua mão e agradece. Ele liga a TV, ela olha pela janela, os dois comem o pouco de suas lasanhas. Ela fala sobre seu sonho lucido, a negra de tão belas formas. Ele a observa com curiosidade. Pergunta de onde ela é, e ela com algum ciúmes da pergunta desconversa a história. Pula sobre seu peito. De calcinha, as pernas brancas e longas dela, as pernas brancas e longas dele se encontram. Ela fica por um tempo com a cabeça repousada em seu peito. Sente seu coração bater, sente o ritmo de trinta e pouco anos de muitos cigarros, muitas bebidas e poucas mulheres. Quantas moram aqui? Ela pensa, ela se pergunta ela responde, tanto faz não é, afinal amanhã nem esse gosto de queijo de lasanha estará mais em minha língua. Ela desdenha de seus próprios sonhos e vai levantando a cabeça até chegar ao pescoço dele, ele rosna, sacode e acaba por rir, sente cocegas, ela sorri, chama ele de fresco, ele dá de ombros. Ela levanta anda pela casa, aquela sua bunda redonda e branca vai até a cozinha, coloca prato e copo na pia, pega água na geladeira, pergunta sobre um cigarro, ele aponta para o armário, ela pega um e vai em sua direção, coloca a mão no bolso da calça dele como se a procurar um isqueiro, ele sorri, ela encontra algo mais, ela sorri, pega isqueiro, acende o cigarro, liga o radio, Doce Vampiro, vai para janela e volta a olhara cidade. Olha para ele deitado no sofá, deitado sem camisa. Aquele corpo de criança que ele tinha, aquela cabeça de adolescente. Aqueles olhos vazios, assim, de olhos fechados, nem parecia ser tão perigoso, mas talvez seja isso. Esse era o disfarce principal dele, ficar assim, como se fosse um bicho morto, sem desejo de coisa alguma cor ou solidão. Ele ficava dias naquele vazio, depois lhe devorava. Mastigava a cada pedaço, depois fugia, escapava, por dias, e quando voltava parecia ter algum fogo nos olhos, mas este, este não durava muito. Mas como não ter ele de alguma forma de amor. Pois simples era ele, em dar uma atenção tão fina que a rompia de qualquer problema, e para quando ela ia ficando sozinha, a saudade dele que nunca existia, para ela muitas vezes era virado em tormento. E foi ontem, talvez, a primeira vez que ele passou por essa porta. Tomou de seu café e logo depois de seu beijo. Avançou por seu corpo a tomar seus desejos e sonhos, ela não pode negar que também desejou ele de forma furtiva, então naquele dia, quando ela o deixou entrar em sua vida, mais uma vez, era por ela também o queria como carne, que seus lábios tinham adormecido por muito um curioso olhar sobre seu corpo, que volta e meia, quando ele aparecia, ela não conseguia esconder como ela o desejava sem ser segredo. Era fácil e assim como ontem, mais uma vez, até o dia que ela pudesse lembrar do sabor de um primeiro beijo, e que nada pode ser melhor que primeiro toque dos lábios tão sedentos quanto o primeiro beijo, e que fosse isso, que assistindo ele a andar por sua casa, tão solto de si, já de cueca aos cômodos e depois saindo por ai, essas todas, cada mulher de seu corpo tão amado, de sua alma, e de tantas que desejaram por um dia ser sua inspiração, o mal, a sofrência de nunca estar completo, a de ser assim, impossível ser deus, e a busca infinita pela gloria, Sísifo ambulante, impaciente e confortável, sempre a ver sua pedra a rolar montanha abaixo, insatisfeito pelo hoje, a busca do amanha, pelo, e então ele adormece, e dormindo parece ser um anjo, mas que mil demônios ficam em sua cabeça, e ela o olha, que doce é seu desespero a um pesadelo, e também assim, a quantas mulheres não desejaram cortar sua carne, lhe ter como pedaço para poder jogar fora que não es inteiro, amar e pegar. e nunca mais ver ele aqui.

E foi, como folha branca de papel ele a riscar, a marcar a alma, jogar seus traços pelos cantos a sumir da margem, voltar ao seu desespero, deixa quieta, ela o amassa, rasga, recicla, toma como novo, mas já foi riscos, pedaços, toma formas como origami, se despedaça como pétalas ao ar em meio a tempestade. Pois ele efusivo, inconsequente, no sugar de prazer nos verte o seio, nos suga a alma de prazer, depois se vai. Onde colocar alguém que não quer estar em lugar algum? Não podendo, então ela volta para ela, e já esta deitada ao seu lado, sua respiração novamente, mas ele se foi mais uma vez e ao mesmo ainda esta aqui. me reescrevendo.


Até que ela que é ele me atravessa, coloca seu pé na ponta de meus lábios e cala minha boca. Meu livros são velhos e ele me trás novas historias.

OBS; Conto interrompido por colapso de ideias fora do contexto.

Foto: Laura Sfez