quinta-feira, 23 de junho de 2016

Dentes.


Eu tenho os olhos doidos, doidos, já vi
Meus olhos doidos, doidos, são doidos por ti
Urano andava mais a frente, com olhos aguçados ele calçava o ritmo, Lua colhia flores pelo caminho, mais atrás, mas ainda próxima estava Lua, que começou um jogo de palavras. Ainda jovens de nascimento, nos seus sete ou oito anos de suas terceira ou segunda vida, ainda que soltos pelo Sol, cada um sabia o que lhes prendia, mas se esqueciam do que faziam parte. Ele saltitou pelo caminho criando escadas e ela foi seguindo seus passos, mesmo que sem direção, o ali e aqui pareciam soltos de compromisso, destino, acaso, tempo, tinham um norte qualquer que estava tanto na cabeça de um, ou pelo chão sem sul, por algum momento ora iria para cabeça de outro. Desenhavam as coisas que vinham por ali, e tinham em seus, os olhos, os milhões de ideias que ficam soltas como o ar. Sabe quando você prende o ar por muito tempo, isso não te da um alivio logo depois, quando solta? Sim, respondeu Lua pensando sobre a pergunta. Se como o ar somos, ou seriamos, para onde vai, ou chegamos se nos soltar? Completou Urano.  Lua olhou para o chão enquanto pensava, e achou sua resposta ao observar uma formiga se desfazendo de um graveto. Talvez não importe para onde, mas sim o alivio que sente depois. Como quando você troca as palavras, e eu relaciono sem precisar você explicar.

Deitada, deixando o sono repousar pelo seu corpo e o calor dele dominar sua pele. Cobertas macias e aconchegantes, uma luz azul, o som, o silencio, o respirar, e já quase que dormindo  ela fantasia que o corpo desperte, então nesse segundo ele a envolve seu pescoço com seu hálito, e por debaixo das cobertas ela sente seu corpo arrepiar, era como se o quarto tomasse uma nova vida e agora seus lábios tem uma nova sede, de corpo já relaxado, ela sentia um calor lhe subir pelo corpo, queria ser dominada, queria ser conduzida, queria ser introduzida, penetrada, tomada, sentir o membro rígido dele a invadir seu corpo. Queria dar a ele tudo que era seu, fazer dele, sentir ele em seu intimo até que fosse o estremecer e inundar seu desejo dentro dela. Inundar, transbordar. Embebedar deste.

Lua saiu correndo a frente; era um belo campo de vale verde, sem nada nem ninguém, os olhos do mundo estavam distantes, e Lua assim, nua de suas obrigações, beijou o ar com um sorriso, abriu os braços e começou a girar até se deixar cair pela grama. Ainda sorria, gargalhava, e deitada ali, a sentir cada pedaço daquela terra, ela foi catando entre os dedos o que ela imagina ser liberdade. Urano estava sentado a grama, observava ela pelo campo, ele respirava o mesmo ar, lhe tomava a tudo, e talvez bêbado da felicidade de Lua, ficou em silencio a encher seus frágeis pulmões deste.  Querendo que fosse, um pedaço dela, em sua mesma orbita, sábio se imaginou, que melhor espaço que era, de que mesmo distante, ainda ali, tinha olhos para observar seu giro, seu sorrir, sua tragédia, sua gloria, como ela o mataria, como ela o tragaria de volta. Ela o chamou para próximo, sentiu falta de força, um pouco de sua falta e falta de seu sentir. Ele se ergueu como uma nuvem, e foi se transformando até chegar nela, e logo era como uma raposa a cheirar sua orelha, e ela se fez como uma ovelha para ser devorada. E para quando seus olhos se cruzavam, uma estrela em chama atravessava seu céu. Ela pedia um recolhimento, ele continuou. E logo ele tinha entre os dentes uma novidade, então ela foi engatinhando até suas canelas e cheirou sua flor. Só e em meio campo, perdidos entre o nada ela ficou de fita com seus dedos, mãos tão lindas, então ele a olhou do alto e correu para mais longe, e onde tinha um deserto verde, no meio segundo de tempo que se passou, cem anos, já repousara um lindo caralho no horizonte, tão forte e verde e tudo recolhia de boa lembrança.

Enquanto ela se envolvia aos beijos dele, e suas mãos avançavam pelas suas pernas levantando seu vestido, ela, contra a parede buscava alguma forma de não se deixar cair. Ela buscava seus lábios que fugiam pelos seus peitos, estes já a mesa de sua boca, servidos para devorar, tomados de sua língua, então ele a mordia pelo pescoço e se agarrava em sua bunda como se a fosse antes de ser. Então ela o jogou contra parede, e buscando por seu membro foi abrindo suas calças com alguma pressa, e antes que fosse o ter todo em sua boca, ela o mordeu sob a calça, mesmo assim, e ao abrir o zíper desta o tirou para fora já rígido, como em um gole de sede ela o tomou por inteiro sem respirar enchendo sua boca, e o levou até o fundo de sua garganta como se o desejasse devorar por todo. Ela podia sentir o pulsar de seu coração em sua língua, e para cada pulso do membro rígido ela o tomava com mais desejo, ela o deseja que fosse encher sua fome, e não poupou saliva a repetir diversas vezes esses movimentos até que seu desejo de o ter dentro dela fosse completo. Então ela subiu sua face frente a dele, e ainda segurando fortemente seu pau ela virou seu corpo ao dele, ergueu o vestido a cintura e começou a rebolar sua bunda despida em seu membro ao fim de seu delírio. Ela, meio que virada a ele o olhava, sorria, se esfregava por todo seu corpo como se provocar, ensaiava uma penetração que não acontecia, e as mãos dele não mais sabiam onde pousar, então ela levou ele a sua bunda, seu pau, e lentamente foi colocando dentro dela, e ela mesmo controlava isso como uma orquestra bem organizada, então tirava e voltava a rebolar, sorria, se mordiscava e miava como uma gata, voltou-se a ficar de joelhos a ele e deu mais uma chupada, voltou ofegante e desta vez o posicionou de forma que fosse aos poucos entrando nela. Ela o sentia abria seu corpo, e quando o pulsar da cabeça de seu pau passou por seu anus, ela já tremia de um leve orgasmo, mordia os lábios e se agarrava com força em suas pernas. E foi em movimentos lentos que ela foi o deixando entrar, nos poucos segundos que ela o sentia, o cheiro quente de seu hálito, as mãos a tomar pela sua cintura, seus dentes tão feroz em seus ombros, ela podia sentir como uma eternidade que seu movimentar intensificava seu desejo, então ela pelo pouco que ela fraquejava que o desejo dele por seu corpo aumentava,  ela, por dois segundos de mil anos, pode sentir o jato quente lhe tomando por dentro, e ela gozou de felicidade de poder o senti por todo. Mas ela o queria tanto e mais que virou para seu corpo como se guardar uma raiva. Ele a sorria, e ela ainda queria tomar parte de seu corpo queria uma ultima gota de seu pau.

Estavam sobre uma arvore, esperando o por do sol, de algum oeste qualquer. Quando Lua olhou para trás, o caminho todo que tinham percorrido havia aparecido, todos aqueles anos vivendo juntos pareceram mais um amontoado de entulho. O que será tudo isso? Ela perguntou. Provavelmente todas as coisas que não completamos de fazer, todas nossas historias e todas aquelas outras coisas que esquecemos de levar. Respondeu Urano. Olhe só, parece aquele primo seu! Lua sai correndo em direção aquela pessoa, enquanto Urano gritava para ela não ir. Mas por que não devo ir? Ela virou olhando para Urano enquanto esse se aproximava. Provavelmente isso tudo são só lembranças. Veja, como se estende por todo o sempre, a quanta coisas criamos, como deuses, também cometemos injustiça, essa imagem de meu primo nada mais é que uma solidão, minha, ou saudade ruim. Veja que existem coisas tão alegres também, que novas vidas foram de nascer. Como esse casal que conhecemos nas férias, disse Lua. Sim, mas estamos em férias desde sempre, eu pelo menos, então veja, que agora eles já estão velhos, e ainda juntos. Falou Urano. E que estrela é aquela lá no alto? Apontou Lua, enquanto Urano chegava mais próximo para ver, não é uma estrela, é nossa distancia, ela foi diminuindo com o passar dos anos, agora mais parece um ponto perdido no meio do céu. E saber que de perto ela já foi tão gigante, mas ainda sim ela parecia pequena para nós, ou algum. Nisso Urano olhou para Lua, esta que agora estava feliz por tudo aquilo, o abraçou forte fechando os olhos. Sabe de uma coisa, nós deveríamos ver tudo isso algum dia. Falou Lua saindo de seus braços e andando pelo campo. Sim, mas, essas coisas não ficam para esse lado, falou Urano ao ver Lua se distanciar. Sim, eu sei, respondeu Lua, mas existe tempo para isso, como não haveria, essas coisas tem suas próprias vidas, casas, agora venha, homem, vamos criar, mais, mais. Sussurrava Lua, enquanto Urano corria para alcançar ela.

Trecho de Telhados De Paris de Nei Lisboa
Imagem: Napoleão cruzando os Alpes de Jacques-Louis David 

terça-feira, 7 de junho de 2016

A metade escura do azul.


Burnman sacudia pela cidade, ele e seus cigarros de fumaça azul, por todo o pedaço cinza e poeirento de lá ou de cá.

Burnman e seu esqueleto alto, seu casaco negro e sapatos marrom, subindo calçadas e atravessando onde não tinha sinal.

Burnman de expressão cinza para climas nublados, de olhos vivos para algum raio de sol, ainda noite delirava por alguma estrela de brilho só.

Burnman que teve que se reinventar entre girassóis musicais, que dançavam com os astros, atrás de toda a lama espacial que espalhava pela sala.

Burnman apreciador de cheiros doces, de peles frias, de hálitos quentes e dentes ferozes, perdia seus pedaços por cantos juvenis de uma doce historia.

Burnman de um só coração, partido em mil pedaços e recolhido por fraca miopia, fragmentos por todo o lugar.

Do surreal, do absurdo; confusão entre o real e a ficção, estado hipotético de penumbra, de danação absoluta e de submissão ao imaginário. Crise de identidade entre o mundo e o indivíduo. Estávamos chegando próximo do inicio, como se fosse nos dizer algo, era mais visível e divisível que chegar. Era perceber.

KafkiAno, o pensar das coisas que se movem por uma terra e ter de tudo que se pode ser, absorve almas e as coloca no bolso direito de seu casaco marrom, leva consigo como se fosse uma lenda, uma fantasia, sonho, delírio, enquanto os lobos uivavam por montanhas solitárias, no frio de um inverno chuvoso, se fez entender como se em um chamado de socorro era reciclável.
AnsioSa no fantasiar, a sede de sua água secar rios e lagos, e como um cortar de estrela no céu escuro do campo mais árido e frio do sul das Américas, o pampa vazio recebe essa luz com braços acolhedores por todos os choros de lagrimas não derramados e sorrisos demostrados ela estava por todo o lugar. No mesmo dos contos sexuais de uma juventude como nossa, era sua.
OraÇão dos amantes mais quentes, febre de enfermos do algo mais. Navegando como um barco sem desestruturado de destino, tomado por aventura de lábios quentes, de mãos macias, de pernas tomadas por destino, paixão e sorte. O gosto forte não nos deixa e nos apaixona o paladar.
NatureZa fantástica de pensamentos e desejos. Perdura no ar como um denso ar saboroso de se respirar, quando as pernas se trocam pelas cansadas e as risadas tomam ar de gargalhadas, seus olhos brilhando e corpo tomando de fogo. Você me é onze horas de um dia, a paixão de uma chuva fresca no verão, e tomada de um cobertor quente no inverno.
ImpulsiVo de natureza, tomei de mim alguma gota de seus suor, em minha vida derretia sua pele como açúcar, a salgar minha língua e adoçar minha memoria, você não me tirava o sabor, que em meio a tantas vozes em meus ouvidos, era como se pudesse sentir seu coração a bater sozinho neste peito que tanto mora meu estar.

Burnman das mil meias brancas, de pares coloridos, da voz rouca, da voz baixa, da falta de comando, do excesso de acolher, dos absurdos de ouvir.

Burnman dos olhos que perguntam, dos ouvidos que escutam. Das vozes que se calam e das historias que não respiram.

Burnman dos livros tomados, das vidas perdidas, das paixões e das curiosidades. Das historias malucas e sem fim, das conclusões e reticencias.

Burnman das fugas, dos desaparecer, das horas e horas que faltam sempre, e do algo mais que fica sempre a alguma esquina de tirar nossas vidas.

Burnman dos lugares que nunca vamos a planejado, das perguntas inconvenientes, inocentes e dos sorrisos de uma Carmen qualquer.

Imagem retirada do filme de Wes Anderson, Moonrise Kingdom

quinta-feira, 2 de junho de 2016

trigonometria


substantivo femininomat parte da matemática que estabelece os métodos de resolução dos triângulos e investiga as funções trigonométricas.

Z vivia só. 
Andava pelo 
mundo meio atoa, 
sem amigo nem miséria 
nem lagrima nem poesia. 
Lá pelas tantas, um sol ou 
uma sombra, uma chuva ou
 tormenta, Z bateu os olhos em 
Inha.  E Inha,  que pouco caso fez, 
jogou cabelo para o lado, se ergueu 
no salto, ajustou o vestido no corpo e 
sorriu de lado. Marreta, e sabida, de condição, 
cheirosa de natureza,  formosa da genética e espiritual 
da fé que não tinha, Inha viu, notou e se arregalou dos 
olhos de Z sobre ela, mexeu pouco, olhou torto, fez beiço, 
mas meio de longe, a solidão de Z foi lhe encantando. E foi 
Z mostrar sua graça. E ela se fazendo desentendida respondeu, 
que raio de nome era esse, se Z era de Zeca, não seria Z um Zé? 
Mas Z não era um Zé qualquer, mesmo andando por ali, mãos nos 
bolsos calça surrada e casaco velho, Z passou a mão nos cabelos e 
deu a Inha seu melhor sorriso, e Inha que não era nenhuma inha por aí, 
foi de se admirar do galanteio, mas chamou Z para falar serio sobre o meio, 
papo ali mesmo, ali em lugar cheio, e Inha tinha So,  que Inha mais poderia 
até parecer só, mais So e Inha, mais se Z entrar na estória, ela pode ficar So-Z-Inha.