sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Cena beatnik

Pra ficar e pra sumir sem dar explicação. 

Rodeado, e sobrou uma dezenas de versos, e quando ela despejou os doces pela mesa, foi de quatro catando cada bala. é sabor doce, sabor, como os olhos de uma gostosa sombra de videira, iluminada e rara porcelana, fiz a esteira e deitou em neles. Madeira, tão bela nos deixou tão cheios de desejos, sumiu entre histórias e papel ali se acumulava. Laminado, de olhos vidrados sem reflexo, ladainha e tudo mais, o sopro silencioso de seu hálito contraste do gargalhar. Que fim.
Que fim terrível eles tinham. Marcado e pesados pelas suas cabeças primaveril, pendente de desejos e acordado por seus fantasmAs. Lidando por acerto de uma pena quase que prisioneira de seus crimes. Que fim terrível eles tinham, voando por todos os cantos espectadores cegos de desejo, fora do eixo como carro desgovernado que não encontra fim no fundo do penhasco.  Que fim terrível, envoltos cegos com a espada da justiça no pescoço, flutuando pensamentos tão desconexos e sóbrios de realidade. O espaço ali, bêbado deles mesmo, declamam poesia e melancolia. A cena se faz branco e preto, e enquanto as vozes não lhes escutam praticam crimes de entrelaço envolto em pensamentos tão absurdos quanto suas vaidade. Que fim que fosse de ser, mas não mais terrível, que a sede de alguma verdade se perdia entre as mesas de alguém que balança sozinho uma cerveja e titubeia não cair de seu banco e nem enfrenta solitário sua vida. E que linda bailarina és, bêbada a dançar copo entre mesas, equilibrada de toda falta de moral, goza pelas dentaduras destas pessoas tão desmerecidas de você. Pele bem boa essa sua, para zombar de histórias, Barcelona, e fuma cigarro surrupiados, iludidos por lábios bandidos tão afetuosos de carinho. Que fim terrível seria. Que depois de horas ainda fosse vazio, e acordar sem vida em cama, morto de todas coisas, sem mensagem de quem. Ainda fosse levantar de cavalo branco e correr mundo, cansado e babando fraco em beira de estrada. Que fim que fosse e já não sei mais, pois todas as gotas de leite se espalham pelo copo e descem lentamente a formar todos os rostos de uma vida. No final, não ficamos mais que achocolatado preso no fundo. Pela sorte de uma colher rasa que nos leve a mais lábios que sorte. Nem sabe. Fim. Que depois de um tanto de risada e gozos cinematográficos a silenciosa de véu cobre cabeça de pensamentos e o lar nada mais é que um lugar para se dormir em paz inexistente. Como morrer faz falta. E depois de verso aqui, Rubem Alvez, melhor amigo, dividiu comigo os drinks possíveis e me beijou em paz para aqui chegar. Como agradecer tanto desespero compartilhado? Não existe, e talvez nem me cabe. Ficou um frio que levantava blusa a dizer que tudo ali estava vivo, e nas quadradas mesas pessoas redondas a se comportar mal, ficavam como pião solitário a girar, e imaginamos seus universos tão sozinhos e desejamos seus amigos. Relacionando mundo e arte, que terrível que fomos. Mesmo longe de que fosse, Paris ou Budapeste, ainda a declamar seus movimentos com o dedo cruel de bêbados não mais poetas que sóbrios. E como foi, pestana fina de olhos que apagam, o cansar de um dia correr como criança feliz, morrer envolto, já tão velha ovelha, oferenda de tudo, que terrível foi. Gozar de tudo isso e não poder ser ali, a pele segura de mão macia, que dorme tranqüila no abraço que és terrível acordar. Não esquecemos nossos pais, me atravessei oceano mil vezes última noite. Orando vidas para que fosse, e ainda me pegando olhando para o nada, acabei aqui, no fim terrível de tudo que podemos construir, sobriedade.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Filho fiel


pode ser aquele ali, olhe só, tem cinco quartos. perfeito, ela responde, deve ser bem grande, espaçoso, então cada um de nós mora em um quarto, e deve ser tão grande que vamos levar alguns anos para nos encontrar ali dentro, quando acontecer, fazemos um filho, pelo corredor mesmo, depois colocamos ele em algum outro quarto e só o encontramos com vinte anos, para pedir dinheiro ou algo assim, provável. sim. seria perfeito.



misteriosamente ela ganhou ele, nem mais frieza ele tinha, nem mais monossilábico lhe restou ser. com ela, foi ficando a fazer planos, sonhar horizontes, desejar melhores dias e novos rumos, ele tinha novamente aquela criança nele, e desejava. ela não era o que se pode dizer de novidade, o que ela dava para ele se confundia com ele mesmo, então tinha alguma especie de completar fraterno que caminhava diversas linhas. ele por muito só a desejou como uma amante, fuga ela dizia, fora de sua ideia inicial de uma amiga espirituosa, ela foi ganhando traços mais íntimos ao seu pensar. ela colaborava com a rotação de seus pensamentos e longe de algum saber dele que o mesmo acontecia, por algumas vezes ele pode se sentir até mesmo enganado. ela parecia uma valsa suave, de inicio te pegava pé por pé, misteriosa entre tambores, mas com o tempo foi se mostrando como um tango quente, que te pega pelas pernas e te faz ferver o sangue. temia ele, no inicio de tudo, e quando ainda seus cabelos eram uma, ou alguma definição de suas vaidades, o mesmo destino cruel de alguns de seus personagens, dos mais favoritos e dramáticos, algo nele sempre o colocou na estrada mais dramática de que ele nunca conseguiria ter ou ser dela. A principio um Orfeu condenado a nunca mais ver o rosto de sua amada Eurídice, condenado por seu algoz maior, alguma especie de Deus, mas era ele mesmo. a percepção de condição pessoal lhe veio a luz, levou ele até ela. e certamente por ele nunca se agradar  a regra, ele pode abrir algum véu no vazio já do tempo, que poderia chegar nela, sem o medo do tempo. quem sabe ouvir sua voz, e quem sabe ter algum espaço de tempo para dizer o que tinha por ali, um amontoado de saudade. que lhe seria mais sincero com ele, e que se fosse, depois de tudo, o pouco dele despejado pela mesa dela, se fosse dela de ir, pelo menos o alivio do peso de poder se sentir declarado. se parar somente nisso, mas depois de algum tempo também sua própria ousadia lhe incomodava, a que ponto sua, e aquilo que ao mesmo fazem pessoas o amar e odiar lhe agradaria, no mais intimo de seu ser, morava a duvida de sua inquietação. para ele, ela sempre foi tão pura e grandiosa que ele a negou por algumas vezes, erroneamente, medo.medo de estragar o belo que via, sentia. sabia ele que ao pegar na mão dela desta vez, ele seria aquele ar que inflava os pulmões dos mais estranhos e órfãos de rua. suas verbalizações e poemas flutuariam por todo o ar, que depois disso, correr  risco de parecer louco, sonhador, antimatéria, incerto, ela se afastar, milhões de coisas poderiam acontecer de errado, mas a unica coisa que poderia dar certo aconteceu. cativada por aquela exótica imagem, talvez de todos os véus que ele, sempre uma odalisca misteriosa, uma criança inquieta, ficou mais parecendo uma satisfação dela com ele. era o minimo, talvez, que ela esperava, que ele fosse o autentico de seu calor, e ele lhe devia isso, que correspondesse ao todo que seus olhos faiscavam, que fosse mesmo tudo aquilo que dizia sem uma unica palavra. e logo ele, que se via tentando envolver, se viu mais envolvido no que ela tinha se transformado. ela ficou como um planeta para sua pessoal vida, e foi tomando todos os terrenos e abrindo caminhos pelos mares de sua alma. não foi fácil, não sera fácil, e possivelmente se ele contar isso a alguém sera mais fácil a um estranho. é simples, harmonioso e logico. tão logico que esta cheio de possíveis acidentes, por sua simplicidade possivelmente encontraram dezenas de barreiras, e por sua harmonia, certamente criaram dezenas de caos. então foi que em uma frase dita por ela, em um dezembro nublado de alguma época, um fevereiro que não venceu, ecoou por meses em sua cabeça ate o ponto do primeiro "oi" futuro. o "seja mais egoísta" dela tinha um tom de "seja feliz", então se permitindo a toda a pobreza de um apaixonado, cego para todas as outras coisas, e depois de um, dois por do sol, só os olhos dela lhe davam o nascer de um novo dia.



certamente ele queria se apaixonar por ela. e isso lhe ocorreu na primeira vez que a viu. e isso não lhe consumiu desejo maior até ter seus lábios ao dele. as incertezas silenciosas de seu inicio, e depois a voracidade de suas palavras. muitas vezes eles esquecem que é somente um inicio, e que nem isso pode se dizer ser, mas que ficam tentando organizar coisas de universos que colidem de forma constante, criando e transformando coisas, boas coisas, um sonho que beira a realidade de como são e podem continuar sendo tão fortes juntos. como a harmonia para as demais coisas colaboram para que seus olhares ganhem aquilo que es dele, o mundo sorri junto com eles, meio mundo com pão, outra metade já servida, eles sentam e se reconhecem na mesa, sabem das duvidas infinitas da vida lá fora, dos desejos que se transformam, mas ficam confortáveis a olhar para o lugar ao lado e encontrar seus olhos como filhos fieis de seus desejos.



então foi, nos levantamentos dela, e na necessidade dele de beber de um tudo que ela fosse, pois para cada canto dela o desejo de ser lhe tomava. a tragedia maior que a simples partida, ver ela sumir em meio a multidão tão apressada, saber que agora o amanhã é próximo, os lábios selado muitas vezes de desejo, fica com sede do mais que ele pode dar. um ensaio solitário dele para os dias que chegam. e as muitas luas que ele vai olhar sozinho imaginado se seu olhar cruza o dela em alguma noite. seu drama pessoal é tão intimo que ele sorri para tragedia sábio do prazer de ter ela do outro lado, para com ela já nasceu de muito, como é, são estas as condições, primeiro tinha por ali, era imagem, depois era toque, conhecer, e em um relacionamento tão cheio de despedidas silenciosas que existe, nele uma ansiedade para o dia que,  talvez, todo o caos que ele gera em sua cabeça, seja posto em alguma ordem. não sabe dizer se vai ser a ´pessoa que mais vai desejar ver ela novamente, e provavelmente seja a menos importante, mas fica no silencio dele, das declarações que parecem ser despretensiosas, que ele choraria de felicidade só de saber que ela vive feliz. onde for, e pra onde voltar.

Belchior - Musico e compositor brasileiro.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Dentes.


Eu tenho os olhos doidos, doidos, já vi
Meus olhos doidos, doidos, são doidos por ti
Urano andava mais a frente, com olhos aguçados ele calçava o ritmo, Lua colhia flores pelo caminho, mais atrás, mas ainda próxima estava Lua, que começou um jogo de palavras. Ainda jovens de nascimento, nos seus sete ou oito anos de suas terceira ou segunda vida, ainda que soltos pelo Sol, cada um sabia o que lhes prendia, mas se esqueciam do que faziam parte. Ele saltitou pelo caminho criando escadas e ela foi seguindo seus passos, mesmo que sem direção, o ali e aqui pareciam soltos de compromisso, destino, acaso, tempo, tinham um norte qualquer que estava tanto na cabeça de um, ou pelo chão sem sul, por algum momento ora iria para cabeça de outro. Desenhavam as coisas que vinham por ali, e tinham em seus, os olhos, os milhões de ideias que ficam soltas como o ar. Sabe quando você prende o ar por muito tempo, isso não te da um alivio logo depois, quando solta? Sim, respondeu Lua pensando sobre a pergunta. Se como o ar somos, ou seriamos, para onde vai, ou chegamos se nos soltar? Completou Urano.  Lua olhou para o chão enquanto pensava, e achou sua resposta ao observar uma formiga se desfazendo de um graveto. Talvez não importe para onde, mas sim o alivio que sente depois. Como quando você troca as palavras, e eu relaciono sem precisar você explicar.

Deitada, deixando o sono repousar pelo seu corpo e o calor dele dominar sua pele. Cobertas macias e aconchegantes, uma luz azul, o som, o silencio, o respirar, e já quase que dormindo  ela fantasia que o corpo desperte, então nesse segundo ele a envolve seu pescoço com seu hálito, e por debaixo das cobertas ela sente seu corpo arrepiar, era como se o quarto tomasse uma nova vida e agora seus lábios tem uma nova sede, de corpo já relaxado, ela sentia um calor lhe subir pelo corpo, queria ser dominada, queria ser conduzida, queria ser introduzida, penetrada, tomada, sentir o membro rígido dele a invadir seu corpo. Queria dar a ele tudo que era seu, fazer dele, sentir ele em seu intimo até que fosse o estremecer e inundar seu desejo dentro dela. Inundar, transbordar. Embebedar deste.

Lua saiu correndo a frente; era um belo campo de vale verde, sem nada nem ninguém, os olhos do mundo estavam distantes, e Lua assim, nua de suas obrigações, beijou o ar com um sorriso, abriu os braços e começou a girar até se deixar cair pela grama. Ainda sorria, gargalhava, e deitada ali, a sentir cada pedaço daquela terra, ela foi catando entre os dedos o que ela imagina ser liberdade. Urano estava sentado a grama, observava ela pelo campo, ele respirava o mesmo ar, lhe tomava a tudo, e talvez bêbado da felicidade de Lua, ficou em silencio a encher seus frágeis pulmões deste.  Querendo que fosse, um pedaço dela, em sua mesma orbita, sábio se imaginou, que melhor espaço que era, de que mesmo distante, ainda ali, tinha olhos para observar seu giro, seu sorrir, sua tragédia, sua gloria, como ela o mataria, como ela o tragaria de volta. Ela o chamou para próximo, sentiu falta de força, um pouco de sua falta e falta de seu sentir. Ele se ergueu como uma nuvem, e foi se transformando até chegar nela, e logo era como uma raposa a cheirar sua orelha, e ela se fez como uma ovelha para ser devorada. E para quando seus olhos se cruzavam, uma estrela em chama atravessava seu céu. Ela pedia um recolhimento, ele continuou. E logo ele tinha entre os dentes uma novidade, então ela foi engatinhando até suas canelas e cheirou sua flor. Só e em meio campo, perdidos entre o nada ela ficou de fita com seus dedos, mãos tão lindas, então ele a olhou do alto e correu para mais longe, e onde tinha um deserto verde, no meio segundo de tempo que se passou, cem anos, já repousara um lindo caralho no horizonte, tão forte e verde e tudo recolhia de boa lembrança.

Enquanto ela se envolvia aos beijos dele, e suas mãos avançavam pelas suas pernas levantando seu vestido, ela, contra a parede buscava alguma forma de não se deixar cair. Ela buscava seus lábios que fugiam pelos seus peitos, estes já a mesa de sua boca, servidos para devorar, tomados de sua língua, então ele a mordia pelo pescoço e se agarrava em sua bunda como se a fosse antes de ser. Então ela o jogou contra parede, e buscando por seu membro foi abrindo suas calças com alguma pressa, e antes que fosse o ter todo em sua boca, ela o mordeu sob a calça, mesmo assim, e ao abrir o zíper desta o tirou para fora já rígido, como em um gole de sede ela o tomou por inteiro sem respirar enchendo sua boca, e o levou até o fundo de sua garganta como se o desejasse devorar por todo. Ela podia sentir o pulsar de seu coração em sua língua, e para cada pulso do membro rígido ela o tomava com mais desejo, ela o deseja que fosse encher sua fome, e não poupou saliva a repetir diversas vezes esses movimentos até que seu desejo de o ter dentro dela fosse completo. Então ela subiu sua face frente a dele, e ainda segurando fortemente seu pau ela virou seu corpo ao dele, ergueu o vestido a cintura e começou a rebolar sua bunda despida em seu membro ao fim de seu delírio. Ela, meio que virada a ele o olhava, sorria, se esfregava por todo seu corpo como se provocar, ensaiava uma penetração que não acontecia, e as mãos dele não mais sabiam onde pousar, então ela levou ele a sua bunda, seu pau, e lentamente foi colocando dentro dela, e ela mesmo controlava isso como uma orquestra bem organizada, então tirava e voltava a rebolar, sorria, se mordiscava e miava como uma gata, voltou-se a ficar de joelhos a ele e deu mais uma chupada, voltou ofegante e desta vez o posicionou de forma que fosse aos poucos entrando nela. Ela o sentia abria seu corpo, e quando o pulsar da cabeça de seu pau passou por seu anus, ela já tremia de um leve orgasmo, mordia os lábios e se agarrava com força em suas pernas. E foi em movimentos lentos que ela foi o deixando entrar, nos poucos segundos que ela o sentia, o cheiro quente de seu hálito, as mãos a tomar pela sua cintura, seus dentes tão feroz em seus ombros, ela podia sentir como uma eternidade que seu movimentar intensificava seu desejo, então ela pelo pouco que ela fraquejava que o desejo dele por seu corpo aumentava,  ela, por dois segundos de mil anos, pode sentir o jato quente lhe tomando por dentro, e ela gozou de felicidade de poder o senti por todo. Mas ela o queria tanto e mais que virou para seu corpo como se guardar uma raiva. Ele a sorria, e ela ainda queria tomar parte de seu corpo queria uma ultima gota de seu pau.

Estavam sobre uma arvore, esperando o por do sol, de algum oeste qualquer. Quando Lua olhou para trás, o caminho todo que tinham percorrido havia aparecido, todos aqueles anos vivendo juntos pareceram mais um amontoado de entulho. O que será tudo isso? Ela perguntou. Provavelmente todas as coisas que não completamos de fazer, todas nossas historias e todas aquelas outras coisas que esquecemos de levar. Respondeu Urano. Olhe só, parece aquele primo seu! Lua sai correndo em direção aquela pessoa, enquanto Urano gritava para ela não ir. Mas por que não devo ir? Ela virou olhando para Urano enquanto esse se aproximava. Provavelmente isso tudo são só lembranças. Veja, como se estende por todo o sempre, a quanta coisas criamos, como deuses, também cometemos injustiça, essa imagem de meu primo nada mais é que uma solidão, minha, ou saudade ruim. Veja que existem coisas tão alegres também, que novas vidas foram de nascer. Como esse casal que conhecemos nas férias, disse Lua. Sim, mas estamos em férias desde sempre, eu pelo menos, então veja, que agora eles já estão velhos, e ainda juntos. Falou Urano. E que estrela é aquela lá no alto? Apontou Lua, enquanto Urano chegava mais próximo para ver, não é uma estrela, é nossa distancia, ela foi diminuindo com o passar dos anos, agora mais parece um ponto perdido no meio do céu. E saber que de perto ela já foi tão gigante, mas ainda sim ela parecia pequena para nós, ou algum. Nisso Urano olhou para Lua, esta que agora estava feliz por tudo aquilo, o abraçou forte fechando os olhos. Sabe de uma coisa, nós deveríamos ver tudo isso algum dia. Falou Lua saindo de seus braços e andando pelo campo. Sim, mas, essas coisas não ficam para esse lado, falou Urano ao ver Lua se distanciar. Sim, eu sei, respondeu Lua, mas existe tempo para isso, como não haveria, essas coisas tem suas próprias vidas, casas, agora venha, homem, vamos criar, mais, mais. Sussurrava Lua, enquanto Urano corria para alcançar ela.

Trecho de Telhados De Paris de Nei Lisboa
Imagem: Napoleão cruzando os Alpes de Jacques-Louis David 

terça-feira, 7 de junho de 2016

A metade escura do azul.


Burnman sacudia pela cidade, ele e seus cigarros de fumaça azul, por todo o pedaço cinza e poeirento de lá ou de cá.

Burnman e seu esqueleto alto, seu casaco negro e sapatos marrom, subindo calçadas e atravessando onde não tinha sinal.

Burnman de expressão cinza para climas nublados, de olhos vivos para algum raio de sol, ainda noite delirava por alguma estrela de brilho só.

Burnman que teve que se reinventar entre girassóis musicais, que dançavam com os astros, atrás de toda a lama espacial que espalhava pela sala.

Burnman apreciador de cheiros doces, de peles frias, de hálitos quentes e dentes ferozes, perdia seus pedaços por cantos juvenis de uma doce historia.

Burnman de um só coração, partido em mil pedaços e recolhido por fraca miopia, fragmentos por todo o lugar.

Do surreal, do absurdo; confusão entre o real e a ficção, estado hipotético de penumbra, de danação absoluta e de submissão ao imaginário. Crise de identidade entre o mundo e o indivíduo. Estávamos chegando próximo do inicio, como se fosse nos dizer algo, era mais visível e divisível que chegar. Era perceber.

KafkiAno, o pensar das coisas que se movem por uma terra e ter de tudo que se pode ser, absorve almas e as coloca no bolso direito de seu casaco marrom, leva consigo como se fosse uma lenda, uma fantasia, sonho, delírio, enquanto os lobos uivavam por montanhas solitárias, no frio de um inverno chuvoso, se fez entender como se em um chamado de socorro era reciclável.
AnsioSa no fantasiar, a sede de sua água secar rios e lagos, e como um cortar de estrela no céu escuro do campo mais árido e frio do sul das Américas, o pampa vazio recebe essa luz com braços acolhedores por todos os choros de lagrimas não derramados e sorrisos demostrados ela estava por todo o lugar. No mesmo dos contos sexuais de uma juventude como nossa, era sua.
OraÇão dos amantes mais quentes, febre de enfermos do algo mais. Navegando como um barco sem desestruturado de destino, tomado por aventura de lábios quentes, de mãos macias, de pernas tomadas por destino, paixão e sorte. O gosto forte não nos deixa e nos apaixona o paladar.
NatureZa fantástica de pensamentos e desejos. Perdura no ar como um denso ar saboroso de se respirar, quando as pernas se trocam pelas cansadas e as risadas tomam ar de gargalhadas, seus olhos brilhando e corpo tomando de fogo. Você me é onze horas de um dia, a paixão de uma chuva fresca no verão, e tomada de um cobertor quente no inverno.
ImpulsiVo de natureza, tomei de mim alguma gota de seus suor, em minha vida derretia sua pele como açúcar, a salgar minha língua e adoçar minha memoria, você não me tirava o sabor, que em meio a tantas vozes em meus ouvidos, era como se pudesse sentir seu coração a bater sozinho neste peito que tanto mora meu estar.

Burnman das mil meias brancas, de pares coloridos, da voz rouca, da voz baixa, da falta de comando, do excesso de acolher, dos absurdos de ouvir.

Burnman dos olhos que perguntam, dos ouvidos que escutam. Das vozes que se calam e das historias que não respiram.

Burnman dos livros tomados, das vidas perdidas, das paixões e das curiosidades. Das historias malucas e sem fim, das conclusões e reticencias.

Burnman das fugas, dos desaparecer, das horas e horas que faltam sempre, e do algo mais que fica sempre a alguma esquina de tirar nossas vidas.

Burnman dos lugares que nunca vamos a planejado, das perguntas inconvenientes, inocentes e dos sorrisos de uma Carmen qualquer.

Imagem retirada do filme de Wes Anderson, Moonrise Kingdom

quinta-feira, 2 de junho de 2016

trigonometria


substantivo femininomat parte da matemática que estabelece os métodos de resolução dos triângulos e investiga as funções trigonométricas.

Z vivia só. 
Andava pelo 
mundo meio atoa, 
sem amigo nem miséria 
nem lagrima nem poesia. 
Lá pelas tantas, um sol ou 
uma sombra, uma chuva ou
 tormenta, Z bateu os olhos em 
Inha.  E Inha,  que pouco caso fez, 
jogou cabelo para o lado, se ergueu 
no salto, ajustou o vestido no corpo e 
sorriu de lado. Marreta, e sabida, de condição, 
cheirosa de natureza,  formosa da genética e espiritual 
da fé que não tinha, Inha viu, notou e se arregalou dos 
olhos de Z sobre ela, mexeu pouco, olhou torto, fez beiço, 
mas meio de longe, a solidão de Z foi lhe encantando. E foi 
Z mostrar sua graça. E ela se fazendo desentendida respondeu, 
que raio de nome era esse, se Z era de Zeca, não seria Z um Zé? 
Mas Z não era um Zé qualquer, mesmo andando por ali, mãos nos 
bolsos calça surrada e casaco velho, Z passou a mão nos cabelos e 
deu a Inha seu melhor sorriso, e Inha que não era nenhuma inha por aí, 
foi de se admirar do galanteio, mas chamou Z para falar serio sobre o meio, 
papo ali mesmo, ali em lugar cheio, e Inha tinha So,  que Inha mais poderia 
até parecer só, mais So e Inha, mais se Z entrar na estória, ela pode ficar So-Z-Inha. 

sábado, 28 de maio de 2016

Sem armadura.


Euforia:estado caracterizado por alegria, despreocupação, otimismo e bem-estar físico, mas que não corresponde nem às condições de vida, nem ao estado físico objetivo. Resumo, a beleza de uma bolha de sabão ao ar. os minutos eternos em nossas mentes. O sol transformando o tudo em purpura no horizonte. a passagem de um cometa que morre em nós. Respirações, familiaridades, coisas que se encaixam de forma a nos assustar como se fosse nosso uma precocidade. livre para contar historias,livre para ouvir, livre para criar.

A mesma lua a furar nosso zinco: Talvez você saiba ler essa poesia em mim, ou sei eu em você. talvez, antes de estar apaixonado por você eu estava por mim mesmo, e assim me permitia te amar. Um velhinho conversando: Gosto dela pois ela me ama, ela se ama, e amo que ela me ama,e amo mais que ela se ame. Então continua vida, respeito ao ser, formação, potencia, terra. Terra onde vive os sonhos, e talvez ali, em mil quatrocentos e sessenta e um, palavras,ideias, coisas.

Somos poeira das estrelas: Mistura, na fusão, no respirar, no calor. E também no frio. E era, talvez, como uma colisão de duas coisas, não tão enormes e grandiosas realmente, mas era muitas vezes como dois universos parecidos se encontrassem e trocassem energia entre si, bagagem e informações, e naquele horizonte de ventos, a dança cósmica dos dois a fundir toda a poeira que eram na matéria fértil de suas mentes, a soma-subtração-multiplicação e divisão.

É melhor ser alegre que ser triste: Sou fraco, no seu colo, no seu seio sou mortal, durmo, sonho, febre. Sou cavaleiro sem armadura, poeta sem rima, pintor sem paisagem, artista sem palco. com você estou nós, mistura fina para temperar feijão, degustado pela boca, dividido entre dentes, dilacerado pelas unhas, desidratado pela sede. com você meu peso dobra, minha cabeça pende, meus braços caem, meus pés se perdem. com você tenho tudo de sofrer, de sorrir.

Por uma coisa à toa, uma noitada boa. Um cinema, um botequim: A o único sentido de tudo isso, é quem meio a fantasia toda de nossa historia, tão real e nossa, meu endereço ainda é onde você esta.

sábado, 21 de maio de 2016

Pague com beijo. Uma dose. (Editado 1)


Em um frio de quinze graus. O fim do café e o cristalizar do açúcar. A noite que somente um poderia ver chegar. Luzes amarelas passam pelas grandes janelas, gotas rápidas de chuva que somem pela cidade, uma menina esquece o guarda chuva, ou assim, e o volta para pegar. Um casal se beija de forma a guardar um segredo, além de seus desejos, pessoas sem rostos conversam sem nomes, rostos sem pessoas ficam mudos a tela do celular. Uma pessoa no mesmo lugar, por tanto tempo. Uma recepção morta e fria, como as paredes isoladas de um antigo casarão, fabrica, os pássaros procuram refugio, galinhas de um metro e meio, sentadas em janelas. Fria, branca, pedra, barro, concreto, aço. Antes rosa. Em algum calor, de nós mesmo, em algum lugar dos mármores bem alinhados. Víscera exposta, carvão, nos dedos, pressagio, cinza, politica, historias, charlatão, magico, palavras, adolescente vaidoso, vozes, dentes, parelho, maquiagem, duas línguas, te distrai. O açúcar vira melado, o açucareiro ganha uma saia, fantasia, fantasma. Ônibus passando por debaixo dos pés. Ar condicionado, seu ar condicionado a minha respiração, minha pulsação, ao meu desejo, aos meus sonhos, ao meu despertar, minha derrota, minhas historias. Seu ar é meu ar, seu ar não tem condomínio, como parada inútil em trilho sem passageiro, trem.

- Vamos sentar com eles? Ele olha para os pulsos, mão, dedos, olha para as janelas enormes, a luz amarela dos postes saindo por de trás, o mural colorido, olha para os enormes olhos negros dela. - Não. Melhor, não. Ela foge olhos, como a se a lamentar por dois segundos. Ele volta, desta vez ele muda de ideia, sem aquele peso de que estava ali existindo alguma coisa o incomodando.
- Faremos, assim. Então ele avança sobre a mesa e com aquela expressão infantil começa explicar um plano, um parcial plano por superficial que fosse, onde fosse, os levaria a dois lugares ou mais. – Vou até eles, me apresentarei, e assim mesmo também vou te apresentar, vou dar uma cena, esta cena esta na minha cabeça, e nada mais, você, bom, acredito que ao final da terceira frase minha você já vai entender suas ações, você gostaria de fazer teatro, certo? Então vamos improvisar um bocado, começo e depois você só leva.

Ela olha para ele meio receosa, deixa escapar um pequeno sorriso, mas concorda com um brilho nos olhos com a ideia. Então ele não esperando muito das ações dela coloca em pratica sua parte. Salta de sua cadeira e vira para grupo sentado próximo e se apresenta.

- Olá senhores, me nome é Eduardo, e aquela é minha amiga Ester, desculpe estar importunando a conversa de vocês, mas gostaria de saber se podemos nos juntar a vocês nestes últimos minutos que estaremos por aqui. Uma das meninas do grupo da uma resposta positiva e olha para os demais que se olham ao mesmo tempo enquanto procuram lugares entre as mesas onde os dois poderiam sentar. Com o comum acordo de todos eles se sentam, Eduardo senta entre dois garotos, e Ester fica entre uma garota e um rapaz.
- Bom, desculpe-me agora que já fiz toda essa quebra social, sobre que falavam?

Duas horas depois no cinema. Seria legal poder dormir ao seu lado, ou talvez acordar de um sono quente e saber que sua pele esta por ali, próximo a algum abraço meu. Queremos tantas coisas não é? Parecemos crianças em uma enorme loja de brinquedos chamada vida. Talvez tudo que fosse desejar hoje era ficar em silencio ao seu lado. Ver quem sabe, toda a trilogia de Roy Anderson, Canções do Segundo Andar, Vocês, os Vivos e lembrar que foi aqui, onde comecei a ver Um Pombo Pousou num Galho Refletindo sobre a Existência. Dormir talvez, ou esperar que você fosse me preocupar com alguma coisa que deixou pra trás, ou não.

- Então como falava senhoras e senhores, conheci Ester hoje mais cedo, estava hoje na livraria do shopping e enquanto tentava surrupiar algum livro ela chegou a mim me perguntando como se falava Camis, Proust, não, isso era uma cerveja, mas ai não teria  “u”, bono, assim que meus olhos bateram nela fiquei enamorado pela sua beleza. Todos riram, ela tenta começar uma frase, fazer piada, mas ele levanta voz e continua. – Então essa bela senhorita de boa fé com meu espirito me fez uma proposta e tenho que antes das vinte duas horas impressionar ela, que além da pronuncia errada que ensinei a ela, posso lhe fazer alguma alegria, do contrário ela ira para casa sem me dar ou deixar, telefone ou contato. La-men-tá-vel, não?

Bateu-me um raio de realidade. E talvez isso tenha me deixado de mau humor, o dia todo, até, sei lá. Vou ficar muito triste quando você não mais estiver, ou quando não mais eu puder estar. Esse meu pedaço, meus quarenta porcento egoísmo ao ser. Então me fica alguma inveja dos que podem te ter mais, da sorte ou razão ou destino, acaso, sorte. Então olho essa sala enorme e vazia de cinema, e de como minha vida com você parece tanto isso, existe tantos lugares para se ficar próximo de você, não sou nem o dono do cinema, mas que talvez, por uma seção ou duas, bom, eu posso estar ali, sentado ao seu lado, e que isso me tira todas as partes chatas de sua vida, mas que isso me deixa sempre, a um bilhete e uma fila, de esperar a próxima vez para por ali estar. Que falta de compromisso, e aceitar isso me parece tão diminuto algumas vezes. Mas é o cheiro raro da felicidade, ao menos podemos ter alguma certeza com nós. E esta nunca vai ser por conveniência.

- Não, ele não esta se saindo nada bem. Ele faz péssimas piadas, e conta historias que lhe dão uma inclinação social suspeita. Ele é charmoso, mas isso, bom qualquer um em silencio pode ser.

Nem fome nem frio, talvez a única coisa que fosses mesmo precisar era algum lugar para ficar com cérebro fervendo, ou com olhos fechados sonhando. Um dos melhores dias, foi aqui, e tinha sua mão, e parte de algum silencio, que era meu, era seu.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Cozinhando.


Tudo esta relacionado. Universo e nós. Somos isso, somos tudo. "Não ha nada de errado - Pensou"

Talvez, buscando harmonia em algum lugar da cozinha, enquanto corto uma cebola ou duas, aqueço o óleo enquanto olho os tomates frescos sobre a mesa. Busco uma faca normal, casual, cabo preto, banco, madeira, osso, plástico.
Então choro, pois cebolas fazem isso com nós, elas que nos ajudam a dar tempero a vida, nos devolvem com lagrimas e sabor, o que o corte nos tirou. Cheiro. Então o óleo aquece, e as cebolas vão, o fogo que é baixo queima, o alho já picado, e tudo dança na panela, a espátula meche, então chega os tomates, frescos e vermelhos, e a tantas maneira de se tomar eles, alérgicos a sua casca, mas aqui, hoje, não, não abri mão das irritações, quero sabor, então, corto, faca de serra, faca lisa, faca com cabo em L, faca, que corta e separa, contra a madeira, e tudo vai, e chega o pimentão, verde, reluzente, e também existe tantas maneira de se acrescentar ele, mas ele fica de lado, cheiro e sabor, forte, marca, deixa, respira.
 A cebola doura, o alho já começa a ficar amargo, colocar os files, frango, bovino, suíno, sua escolha, a de quem for,  existe sabor a todo amor, então você sela a carne, dourada superfície, que poderia usar manteiga ou oliva, a temperatura certa, para não perder sabor ou propriedade, é mais difícil, então continua.
Sela um, dois, três ou quatro. A cebola se mistura aos files, uma pitada de sal, um beliscão de sal sobre a carne. Vai tomate, quatro colheres de agua, espera, olha o arroz, pega agua, lava o arroz, escorre arroz, alho na panela, aquece, oliva, lembrei, alho dourado, vai arroz, mistura, joga sal, meia colher de sopa para três xicaras de chá de arroz, mistura, tudo, vai se misturando, os files começam a cheirar, coloca o pimentão, aumenta o fogo, coloca agua quente no arroz até cobrir ele, mistura, nivela a panela, fogo meio alto, coloca tampa. Volta para carne, maionese ou creme de leite? Creme de leite, uma caixa inteira, mistura, depois que o pimentão começar a murchar. Com maionese, mesma coisa, duas ou três colheres, agua para ficar homogênea. Homogênea, nenhuma receita é igual a outra, nem como fazemos pode ser o mesmo.
Acontece que para cada coisa que nos acontece, o sabor e a mistura é diferente. Não que as demais coisas nos percam o sabor, mas assim que como podemos ter nosso prato preferido, algumas vezes nos cansamos do mesmo e vamos a algo novo, não tão longe do familiar nem tão próximo do exótico, o cheiro e sabor de cada um ao que sabe é cada. Não há realmente como traçar um porquê, e nem deve ser.

Transformar. Para quando as coisas nos enchem, e mesmo não sendo poucas, um gosto diferente passa em nossas bocas, ouvidos, e a tudo isso nos encanta. Como pode alguém amar uma tradicional torta de limão? Que pode tanto ser a criação de um cozinheiro de navio, quanto a receita casual de alguma esposa de pescador. Fica a duvida da criação, mas fica a certeza do paladar, que busca a proporção áurea de nossa vida como um canto. O cantar de sua amada ao ouvido, as emoções tenras que ela passa em sua voz, o tocar, o sentir. A vida e cheias destes ingredientes secretos, que se misturam, se harmonizam, cheia dos ingredientes quem sua hora e sabor de chegar. Cheia das coisas visíveis e audíveis. Encontrar a sensação de novo no algo que já conhecemos, e descobri que velhas paisagem estavam por lá a envelhecer sozinhas. Dar essa tempestade, cheia de sons e sabores, e deixar que essa panela asse seus temperos, sele sua carne, para que deguste de seu sabor, para prove até que se morda a língua de prazer. A que tudo isso, o rito cósmico esta de escutar o canto de seu amor, nesta busca pela sua proporção áurea de sua vida, ate que tudo esteja pronto, para sentar e servir. Sempre.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Tangente


"Não instalei o driver de áudio"

Duas horas de uma madrugada de sábado. Ele senta frente a tela do computador, a sala esta escura, as únicas luzes ali são do monitor e da janela sem persiana, um inicio de projeto a um futuro lar sem paredes, com sol por todos os lados, com nudez, e uma conta de luz gigante durante o verão. Ele digita uma frase ou duas, busca ainda automaticamente o cigarro ao lado do teclado, lembra que não fuma mais ao encontrar um pacote de chiclete no lugar. Pega, abre, tira um e leva a boca, escora o corpo para trás na cadeira. Ele, de cueca, samba, escuta os carros na rua, as pessoas da noite de sábado, o barulho dos pneus pela estrada. Estrada, de todas elas, seus pés, de tanto gostar de andar por ai, atoa, sem destino, se perder, pegar carona, chegar a lugares aonde dificilmente se quer chegar com solidão. Agora ele esta ali, a encontrar mais algumas palavras, pensa nas coisas do dia, seu filho crescendo, sua vida crescendo, sua esposa no quarto. Depois de pouco mais de um ano ele acertou o horário do cartório, mas foi ela que planejou tudo, ele sempre foi prudente, com ela, somente com ela, e isso era de causar uma raiva absurda nela. Pra que prudência depois de meia vida sem isso, justo com ela, não era logico, mas criava drama e tensão, e o relacionar deles estava longe de ser monótono, não era isso que eles procuravam, quando em meio aos montes ainda sim se digladiavam em combates verbais atrás de uma verdade deles que fosse para o mundo como uma luva. Eram os chatos do lugar, as pessoas os evitavam ao mesmo os consumiam, sumiam do mundo, com ele mesmos por dias, ela, ela por sua combatividade, ele por aquele opinião silenciosa que disparava com os olhos, juiz, não aprovei, aprovei, mas sem medalhas. E a vida nunca mais foi a mesma, e eles encontram assim seu mundo, a quem não se sabe, talvez virgulas soltas por ai possa dar uma nova historia. Então eles respiravam a quatro pulmões e falavam a duas línguas, era um casal, mesmo antes de ser, era.


Ele escuta sons do quarto, mas não vira para olhar, conhece aqueles sons, ela adormeceu depois do sexo, e agora ela o procurava pela cama, ele tinha essa coisa meio escorregadia na personalidade, dava medo, com o tempo esse medo se transformou em um sentimento de perguntar, onde andava, ou que fazia, mesmo sabendo onde achar ele, mesmo morando em sua cabeça, ela ainda tinha esse sentir natural, ele era dela, mas tinha que conviver com o fato que os pensamentos dele era do mundo, que as mesmas asas que ele a dava, era dele também. Ele temia, dia pós dia, e talvez seja mortalidade da vida, de perder ela por algum acidente, então ele sempre tentava ser atento aos seus silêncios, sempre atento aos seus bufar, ele queria ser parte dela, e cuidar dela por uma vida, se doar, ele desejava. Os sons saem do quarto, passam pela sala, em suas costas e vai até cozinha, escuta o som da geladeira e de copos. Ele volta a digitar, tenta se concentrar, a meses tenta colocar um contexto de minorias e suas historias, aquele tal legado anônimo que ele vai deixar a humanidade, ou a seus filhos. Os passos andam pela casa, ele digita mas olha sobre os ombros, ela anda bela pela sala, acende o abajur no canto da sala, pergunta se pode colocar musica, ele concorda monossilábico, eles estão juntos a tanto tempo mas ainda se tratam como estranhos, respeitam suas mutações, e a essas dão graças, a cada dia mais intensos um ao outro, uma novela brasileira sem fim, ela coloca um copo ao lado dele, você precisa relaxar, ele sorri silenciosamente e agradece, vodca com laranja. Ele para de escrever e recolhe o copo, toma um gole e vira para ela, linda, que suas formas morenas com o tempo só a transforma em uma mulher mais sexy, e que muitas vezes ele podia ainda ficar a olhando a dormir nua e imaginar como os deuses a concebeu com tanta beleza, ele era carnal muitas vezes, a tomava pelo corpo, mas a amava de verdade pela sua alma. Ela entendia isso a cada dia, que era meio bicho e meio herói; Ela foi para o sofá e se deitou de lado, aquele quadril tão amável repousa com harmonia a luz que bate, ela bebe seu drink e se estica. Pergunta sobre o que escreve, ele avisa que já mostra, manda imprimir e assim que ela escuta o som da impressora ela reclama, estou sem óculos, porque você não me fala? É divertido quando você narra. Não vou fazer isso agora, estou em uma linha, e toda vez que debatemos um assunto chegamos a outro e a outro,  minhas historias se transformam em um turbilhão de coisas, estão você pode pegar essas pequenas paginas ler e ver, entender, por onde anda minas ideias, e assim acrescentar das suas para que possamos conversar, depois. Ela suspira, ele levanta e vai até a impressora, pega as folhas e leva ela, ela bebe mais um gole, pega as folhas e faz beiço, você vai ter que pegar meus óculos, ele olha para quarto, distancia, deslocamento, ida e volta e fica pensando em silencio, fica assim por um tempo, ela se irrita e vai levantando, ele a para, não, não, não, não precisa, eu conto para você, ela reluta, ele a abraça, ela se debate, ele sorri ainda abraçado a ela e agora esta meio que agarrado aperna dela. Ela tenta morder sua mão e ele grita. Ele desiste implorando que contaria, ela sorri voltando ao seu lugar. Ele senta no chão da sala ao pé do sofá, pega as folhas, ela fica fazer um cafune nele. Ele com as folhas em mãos dá uma olhada. Explica parte da historia e ela levanta uma pergunta, mesmo sabendo que ele vai rodear mil vezes antes de dar a resposta, mas a essa altura ela já saca algumas coisas nele, então tenta atirar nas possibilidades finais, mas ele se perde cada vez mais e vai jogando o assunto de um lado a outro a até chegar na resposta. Ela levanta uma outra possibilidade, ele concorda e lembra quando conversaram sobre a Odisseia, que talvez suas historias produzidas a vinte dedos sempre fossem intermináveis. O que vai ser de nossos filhos? Dizia ele. Pensadores, homens ou mulheres afrente de seus tempos, justos e leais a sociedade. Pobres, respondia ele em tom de humor. Você sempre foi mais corajosa que eu, disse ele, sim, mas que te faltava atitude, hoje você é um pouco melhor que isso, na verdade você sempre foi bom nisso, mas sempre escolheu a forma silenciosa, como se fosse guardar de alguma coisa, nunca entendi isso em você, mas acho bonito como você faz algumas justiça sem procurar credito, gosto quando descubro ou você deixa descobrir, mas ainda não entendo bem o silencio. Quer dizer, acho que entendo, não é o reconhecer e sim o ato que tem valor. De como no inicio, como éramos somente nós dois contra o mundo, pelos cantos desta cidade, confusos por qualquer coisa, cheio de tarefas e coisas a formar, e hoje olhando a isso tudo nosso murro não tem mais que duas linhas de tijolos, pois toda aquela sociedade que pensamos em construir se descontrói quando viramos as costas. E talvez seja isso que nos complete um ao outro, o quanto de lucidez que damos um ao outro de forma que nossos sonhos não morrem, se transformam. Eu ainda te acho a mulher mais interessante de minha vida, interrompe ele. Eu ainda acho você o homem mais interessante de minha vida, mas isso porque nunca conversei com Leto, sorri ela. Ele pula sobre ela simulando uma revolta e deita sobre seu corpo, ele beija, morde e abraça. Ela se debate até fingir derrota, coloca mão dele no seio, ele sorri frente aos seus lábios. Ainda estamos começando, diz ele serio. Sim, responde ela, faz anos, mas ainda estamos começando. Parece que você me nasceu ontem, a garota de quem queria saber sem invadir seu espaço. Sim, parece que ainda é o mesmo cara que me olha quando viro para saber quem é, e depois some. Seriamos ainda estranhos? Certamente, responde ele, pois não tenho nenhum problema de memória, eu acho, ele sorri, mas amanhã vou olhar esses teus olhos gigantes e ainda vou me apaixonar como se fosse a melhor das novidades.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Olhos para pensar - A fantastica historia de Rose

Venha me beijar
Meu doce vampiro
Ou, ou
Na luz do luar
Ãh, ãh
Venha sugar o calor
De dentro do meu sangue vermelho
Tão vivo tão eterno, veneno
Que mata sua sede
Que me bebe quente
Como um licor
Brindando a morte e fazendo amor

O sol que ilumina em sua pele, a queimar a carne rígida e desenhada. A penugem dourada de sol a contrastar com sua cor morena. Morena de todos os sóis como seus olhos negros de um aviso a qualquer e brilhantes de todas resoluções, um mistério de fundo oceano, um vazio que por dia ficava a cuidar a mesma paisagem. Tenra de toque, macia de pele, coxas como os braços, de bem desenhados a esperar por alguma companhia solitária. Os pés finos, pouco delicados a quem anda de sol a sol. A lembrança de suas praias, a lembrança de seu pescoço, a sustentar um cordão fino e dourado, caído sobre seu busto tímido, todos os beijos de sua nuca. Todo seu busto, como se fosse apresentar dois jovens frutos de uva e toma o ventre esguio e plumado de seus pequenos pelos, mais uma vez, a levar a fenda tão desejosa e despida, macia como de uma jovem e lã doce. Desenhando em seu corpo as coxas que sonhastes, a levar de seu pequeno quadril, de desenhada bunda a sorrir no balançar do andar. Ela, para se dizer que não, em seus cachos tão volumosos como estandarte, o negro a contrastar com os dourados de suas pontas, fazia volume e balançava pelos ombros. O cabelo lhe dava harmonia, e seu rosto fino, seu nariz pequeno e de seus lábios bem desenhados, nem carnudos nem finos, com seus olhos de índia, mulata, negro, o pavor de todos homens ou mulheres. Ela vestia por assim, deste seu corpo tão cheio de perfeições para um jovem pecado, toda a riqueza de uma manhã, para quando fosse levar esse corpo até o lugar que fosse, vagar, por calçadas tão estreitas, a esbarrar em sua beleza, as pequenas coisas de seus traidores, esses vultos que andam pela rua, para quando ficam a confrontar suas vidas.

Tragou o ultimo de seus cigarros e voltou seu corpo dentro do apartamento. Rose, tímida de seus desejos, ocupada de suas frustrações. Ainda pensar na bela negra que saia de seu prédio as sete da manhã, sem pressa, de como podia, por alguns minutos ela foi ali, se apaixonar por alguém que desconhecia o cheiro ou razão, voz ou vulto de alma. Rose, de cinza do pijama que flutuava, os pés brancos pelo carpete grosso, a blusa fina, branca e de alças que lhe caiam ao ombro, meio seio a mostrar, mamilos tímidos de frio na manhã. Os cabelos estavam curtos, os dentes da frente levemente separados, orelhas pequenas demais para seus inúmeros brincos. Se atirou pelo aconchegante sofá bege. Puxou um lençol sobre seu corpo e ficou a namorar a cidade pela janela. Os inúmeros prédios, brancos, cinzas, azuis, amarelos, velhos, pretos, as nuvens, os poucos pássaros, os poucos aviões, um voo para Porto, um voo para o nordeste. Seus olhos estão se fechando, seus pés se descobre, sua mão pende para fora do sofá. Ela adormece por ali mesmo. Acorda, e só desperta mesmo passado meio dia. O som da cidade invade pela janela a todos os cômodos. Ela olha pela sala já iluminada pelo sol. O relógio da cozinha, mesmo distante, ainda marca dez da manhã, sabendo que estava errado vai procurando aos vincos do sofá o celular perdido. O encontra. Doze notificações. Dois e-mails, sete mensagens do WhatsApp, duas notificações do Facebook e uma ligação perdida. Ele que não liga ligou, por alguma espécie ou milagre. E quando ela se deu por si, ele já estava por ali, na cozinha, e ao mesmo que pode ver ele ali já foi percebendo que ele esquentava algo no forno, tinha cheiro de queijo, e parecia bom, ou ela estava com fome. Ele sem camisa, magro, alto, descabelado, como sempre, como se saído de um noite underground, mas ainda assim era sua casa. Não mais charmoso que a primeira vez que o viu, era mais jovem, mais brilhante, parecia que os olhos faiscavam de alguma coisa sepertina, magica. Hoje ele era quase opaco, sem cor, parecia sempre ocupado com algo, possuía um vazio bem perceptível aos olhos de estranhos. Não ficava. Quando saiu por tras da mesa levara um prato a mão, era lasanha, um suco de laranja, ou uva. Ele senta próximo dela, em outro dos sofá, ela sorri e pergunta sobre sua manhã, ele sorri e lhe oferece um beijo na testa. Ela fecha os olhos, sente seu cheiro, sente o cheiro do prato. Pega em sua mão e agradece. Ele liga a TV, ela olha pela janela, os dois comem o pouco de suas lasanhas. Ela fala sobre seu sonho lucido, a negra de tão belas formas. Ele a observa com curiosidade. Pergunta de onde ela é, e ela com algum ciúmes da pergunta desconversa a história. Pula sobre seu peito. De calcinha, as pernas brancas e longas dela, as pernas brancas e longas dele se encontram. Ela fica por um tempo com a cabeça repousada em seu peito. Sente seu coração bater, sente o ritmo de trinta e pouco anos de muitos cigarros, muitas bebidas e poucas mulheres. Quantas moram aqui? Ela pensa, ela se pergunta ela responde, tanto faz não é, afinal amanhã nem esse gosto de queijo de lasanha estará mais em minha língua. Ela desdenha de seus próprios sonhos e vai levantando a cabeça até chegar ao pescoço dele, ele rosna, sacode e acaba por rir, sente cocegas, ela sorri, chama ele de fresco, ele dá de ombros. Ela levanta anda pela casa, aquela sua bunda redonda e branca vai até a cozinha, coloca prato e copo na pia, pega água na geladeira, pergunta sobre um cigarro, ele aponta para o armário, ela pega um e vai em sua direção, coloca a mão no bolso da calça dele como se a procurar um isqueiro, ele sorri, ela encontra algo mais, ela sorri, pega isqueiro, acende o cigarro, liga o radio, Doce Vampiro, vai para janela e volta a olhara cidade. Olha para ele deitado no sofá, deitado sem camisa. Aquele corpo de criança que ele tinha, aquela cabeça de adolescente. Aqueles olhos vazios, assim, de olhos fechados, nem parecia ser tão perigoso, mas talvez seja isso. Esse era o disfarce principal dele, ficar assim, como se fosse um bicho morto, sem desejo de coisa alguma cor ou solidão. Ele ficava dias naquele vazio, depois lhe devorava. Mastigava a cada pedaço, depois fugia, escapava, por dias, e quando voltava parecia ter algum fogo nos olhos, mas este, este não durava muito. Mas como não ter ele de alguma forma de amor. Pois simples era ele, em dar uma atenção tão fina que a rompia de qualquer problema, e para quando ela ia ficando sozinha, a saudade dele que nunca existia, para ela muitas vezes era virado em tormento. E foi ontem, talvez, a primeira vez que ele passou por essa porta. Tomou de seu café e logo depois de seu beijo. Avançou por seu corpo a tomar seus desejos e sonhos, ela não pode negar que também desejou ele de forma furtiva, então naquele dia, quando ela o deixou entrar em sua vida, mais uma vez, era por ela também o queria como carne, que seus lábios tinham adormecido por muito um curioso olhar sobre seu corpo, que volta e meia, quando ele aparecia, ela não conseguia esconder como ela o desejava sem ser segredo. Era fácil e assim como ontem, mais uma vez, até o dia que ela pudesse lembrar do sabor de um primeiro beijo, e que nada pode ser melhor que primeiro toque dos lábios tão sedentos quanto o primeiro beijo, e que fosse isso, que assistindo ele a andar por sua casa, tão solto de si, já de cueca aos cômodos e depois saindo por ai, essas todas, cada mulher de seu corpo tão amado, de sua alma, e de tantas que desejaram por um dia ser sua inspiração, o mal, a sofrência de nunca estar completo, a de ser assim, impossível ser deus, e a busca infinita pela gloria, Sísifo ambulante, impaciente e confortável, sempre a ver sua pedra a rolar montanha abaixo, insatisfeito pelo hoje, a busca do amanha, pelo, e então ele adormece, e dormindo parece ser um anjo, mas que mil demônios ficam em sua cabeça, e ela o olha, que doce é seu desespero a um pesadelo, e também assim, a quantas mulheres não desejaram cortar sua carne, lhe ter como pedaço para poder jogar fora que não es inteiro, amar e pegar. e nunca mais ver ele aqui.

E foi, como folha branca de papel ele a riscar, a marcar a alma, jogar seus traços pelos cantos a sumir da margem, voltar ao seu desespero, deixa quieta, ela o amassa, rasga, recicla, toma como novo, mas já foi riscos, pedaços, toma formas como origami, se despedaça como pétalas ao ar em meio a tempestade. Pois ele efusivo, inconsequente, no sugar de prazer nos verte o seio, nos suga a alma de prazer, depois se vai. Onde colocar alguém que não quer estar em lugar algum? Não podendo, então ela volta para ela, e já esta deitada ao seu lado, sua respiração novamente, mas ele se foi mais uma vez e ao mesmo ainda esta aqui. me reescrevendo.


Até que ela que é ele me atravessa, coloca seu pé na ponta de meus lábios e cala minha boca. Meu livros são velhos e ele me trás novas historias.

OBS; Conto interrompido por colapso de ideias fora do contexto.

Foto: Laura Sfez