quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Eles Me Ouviram Cantar E Me Disseram Para Parar


Quando o sol nasceu, parecia que o dia não poderia ter fim. O silencio absurdo de toda alma, pode estar bem melhor escondida quando os lençóis da cama estão bagunçados. Mas se você sabe gostos ou soluções, por ali, aquele caminho tão fino de poucas semanas, era por demais confortante e por menos temporal. Então você desperta em um final de inverno não muito distante com a letra de uma velha musica que não fez sentido algum por muito tempo.
“I woke up with the power out
Not really something to shout about
Ice has covered up my parents hands
Don't have any dreams don't have any plans”
Era para um certo caso de caos sanguinário por todas as vias, mas os pés de alguém vem lhe tropeçar. Por alguma hora você não vai dar bola alguma, vai fazer abstenções e suas palavras todas vão rolas por todo o mundo como se não tivesse sentido, aquele velho prazer de sede aos lábios vai lhe tomar. A beleza de um nada vai lhe ter corpo como um tudo, a saudade vai lhe transbordar pescoço, para toda praia que deseja será de um caramelo aos olhos, e para todo a musica triste de despedida, vamos pensar em alguma solidão, mas poucas pessoas podem ter essa sorte de saudar que a solidão que se vai com a voz doce de uma nova canção, é a despedida grandiosa que essa valsa não pode ser tocada.

E você devia estar dormindo a sete horas, mas para tudo fica inquieto, para cada segundo que bate os ponteiros do velho relógio preso ainda na parede cinza de seu peito, as historias pela metade interrompidas por beijos íntimos, abandonadas por carinho desprendido de medo ou razão, viver permanece fácil, mais fácil quando uma mão ainda que pouca solitária venha a tocar a sua, e que os olhos ou sei lá, uma pequena melancolia te faça cabana para poder apanhar chuva a qualquer dia da semana. Ela vai te invadir porta com simples abraço, vai te encher de elogios no olhar mais caro do que qualquer iate que naufraga em dolar no caribe, ela vai te roubar por horas e ao mesmo vai te soltar corda para um mundo inteiro só para ver se ainda com fome, sede, paixão, você, você ainda pode voltar para casa sem ser convidado só pela arrogância de vaidade. E por ali, no perigo sutil de todas as belas maldições, você terá uma parte de fim tão bela que nem mesmo imagina, então foge, entre seus cabelos e nuca.

Dia desses, no final do verão no hemisfério sul, o sol descia por debaixo dos montes de terra ao extremo oeste, enquanto no alto leste o azul ainda se destacava por todo os lados, os pássaros corriam por linhas insertas em direção ao sol. Eram muitos, ainda banhados pelo resto de luz que insistia a cobrir o oeste tão distante desta terra, organizados por alguma ordem divina não compreensível para ignorância particular, eles sobrevoaram a cabeça de todos aqueles metais de rodas, pularam por todos os pinheiros verdes enfileirados da velha fabrica de tintas que fica no norte de minha morada. No distante vazio do sol, as linhas organizadas das ralas nuvens, e sol mais vermelho de todos seus dias. Era como a poesia silenciosa de um Deus que desconhece, que diante de dezenas de desesperos nos últimos meses fosse abençoar sua sorte de alguma maneira que não fosse perceber. Que diante disso tudo, a lua que sorria por toda uma ou duas noites, e o sol rajante de sangue como a levar toda a dor do mundo para seu sono soturno. Ainda se fica na ignorância do entender, ou se relaciona, pois coisas absurdas sempre nos ficam sem explicação,  poetizamos nossos absurdos para no final nos frustar com alguma realidade, porem, sempre ficamos com a primeira opção, era tão obvio que aquilo tudo deveria ser dividido por mais olhos, mas ficou gravado nos mais casuais verdes que ali passam, o conforto da noite, que era tão belo anunciado pelo encerrar de mais um dia. As musicas voltavam lhe dar animo e o andar já se mantinha ereto, sem medo algum do penhasco, lança-te corpo para tudo, pois não lhe foi o primeiro convite absurdo que lhe fez assim, e nem mesmo as horas mal rezada em seu ouvido, por menos a pele que dedos tão pouco gentis de tato podem ter a sorte de tocar. Algumas horas depois você percebe que foi o silencio absurdo, o conforto dentro do vazio, o quente da alma que fica no corpo, o vermelho do sol, o sorrir de alguma lua, o desalinhar de marte, o gesto tão obvio de tanto escrever com poucos pontos, quanto falar sem alguma virgula. E fica guardado em si, que para o congelar de horas que fica quando parte aqui, onde você mora na cama, uma vazio tão profundo, quanto um reflexo negro e vazio, de um oceano sem luar, ou por do sol.. (Que dramático)

Trecho de musica Banda: Arcade fire

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Dança Diferente

Solitaire

Escrever é solitário, e talvez só ali, apaixonado por mim mesmo, meu silencio e falta de lucidez por algum mundo posso pegar na mão de alguém que realmente pode me amar. Eu mesmo. Nem ser dono de alguma justiça, mas ser fiel a alguma sanidade ou loucura. Certo e errado pode ser de mil formas relativado. O que não se faz por uma bela historia? Olhos umedecidos, frases que explodem o amor como se nunca antes visto. Ódio tão sincero que pode começar mil guerras, revoltas capaz de superar qualquer murro. É estranho, e nunca deixou de ser. Faz algum tempo desde que voltei para casa que notei, não tem como, a maça que mastigo tem gosto e sabor somente em meus lábios. Uma estranha maldição saber que tudo que te faz amar é o mesmo que te coloca no caminho para poder sair de tudo. Impressiona-me ainda o quanto no final somos todos vaidosos. Vaidoso de desejos e vidas, somos cada um o melhor que o próximo pode ser, somos competitivos e acabamos por cometer uma dezena de crimes tão amargos quanto um assassinato sem sentido, ou seja, com, não existe direito para se tirar ou julgar vidas.

Impossível não amar o laço com o mundo, mas lhe fica irrelevante quando parte de sua poesia vem do sentir falta. Existe um trecho de um filme de Fellini que por algum momento me foi citado por alguém “existe essa sua necessidade de ser amado e rodeado por todos, e ainda assim, você os abandona e os doma como se fosse um Deus”. Não é, mas esta em todos nós, a aceitação coletiva nos é doutrinada a nos fazer buscar mais “sim” do que “não”, isso é lógico e soa ridículo enquanto escrevo que peço alguns segundos de pausa para poder rir.

Era mais ou menos assim, no início, lá por volta de meus dezenoves anos, a única voz eu ouvia era minha mesma. O traço da timidez não era melancolia, mas só um jovem adulto falando consigo mesmo, e tudo que ele poderia tirar vinha de algum verso de poesia nacional que algumas vezes disserto pelas bandas do rio de janeiro, Vinicius.

Eu escondi um doce, certamente vocês todos já fizeram isso em alguma parte da vida de vocês. Você deixa todo seu amargo para o mundo e deixa seu doce para a pessoa que te salva, essa falsa redenção que podemos ter por ser acolhidos é tão grande que ser um ser capaz de ser amado. E você já pensou sobre isso? Ser amado sempre vai lhe ser algo tão fundamental quanto amar. A grama cresce, mas de pouco vale seu verde ou cheiro, o toque da chuva pelo final de tarde levantando toda sua magia, o verão de seus pés tão virgem, de sentir são acolhidos por aquela liberdade, você pensa por algum instante que aquilo pode não lhe ser nada se você não tem nos lábios o gosto do seio deste prazer. O visual pode ser belo, mas ele não lhe tira a sede. Então você continua.

    Naissance

Foi em noite curva e fria, que a lua já escondia por debaixo de toda nuvem de frio, e errei essa parte, vamos mais uma vez. Ela estava por lá a desaparecer bem cedo e sair mais tarde. Os copos dançavam como bailarinas eufóricas pelas mesas, carros pareciam foguetes desgovernados para qualquer lugar, com cabeças tão cheias de olhos que não faltou fome. Não falávamos nada e nem mesmo sabia que direção tomar. Tudo que me descia pela garganta me levava ao mesmo resultado lógico. Não satisfatório e duvidoso.

Então o cheiro pega em sua roupa que não mais você pode esquecer as roupas por todo o canto, e só quando ultimo raio de sol se vai por embora na fresta fina que sobra de sua janela, você repousa sua cabeça no colo de seu amor e tem quente vivo novamente aquilo tudo que fosse distante. Como se fosse uma armadilha interminável da vida, essas coisas entram por suas orelhas e ficam lá gravadas em sua cabeça lhe alertando dia e pós dia. E nem se passou tanto tempo assim, mas fica a pergunta pois não se espera novos moradores tão cedo com tamanha bagunça no pátio.

E quando que se era para ser um “oi”, mas que os dedos já navegavam no úmido de seu mar, perdido de qualquer forma e instável de pensamentos como um leão cheio de fome que corre por uma savana sem zebras, não pego por signos e liberto finalmente de qualquer coisa, no coração pronto para o mais próximo abismo morrer mais uma vez, virgem e violentado de emoções. O medo que se tem é tão apavorante quanto o escuro e a distancia de mãe quando pequeno.

É odioso dizer que para tudo que explode em nossa cabeça, depois de algum tempo nos nasce no coração. E que para tanta indiferença, as juras tão casuais causam um desconforto por ser tudo aquilo que podemos dizer ser mais que som que sai de nossos lábios, e dá vontade de pintar uma parede inteira e deixar tudo aquilo nascer novamente.

Então você toma corpo, ganha lábios enquanto sua mão caminha por todo, o toque tão secreto de seus lábios fica por dizer que ali é tão especial de estar, os poucos de seus segredos são revelados e uma busca de entendimento se desfaz, pois tudo pode ser compreendido e esquecido com um abraçar quente.

     Il Est Arrivé

E mesmo sabendo que pode te destruir por completo, por muitas vezes pensa enquanto corre ônibus pela cidade, os copos se enchem de bebidas, os sorrisos são tão soltos, tudo de novo lhe acontece. Então ela lhe gruda a pele e você não sente uma necessidade de sair correndo, e nem mesmo deseja que aquilo tenha fim ou intervalo, que tudo venha lhe nascer natural como um despertar quente de uma ilha qualquer, agora mais que habitada, foi quando alguma religiosidade toma seu ser, e você acredita mais uma vez, que babaca que sou de discutir relação já no terceiro encontro, quando você é tão vilão indiferente e sempre tão difícil mostrar alguma compaixão, mas esta lá e volta e meia dá um “olá” estranho para o mundo que você fica meio sem jeito de levantar bandeira que for para fazer isso, mas você faz e dá pequenas pistas que aquilo esta lhe acontecendo, esta lhe subindo pelas pernas e semanas parecem longas demais para se viver sem alguma metade ou pedaço.

E para pouca sacanagem, a lua lhe sorriu uma semana toda, do inicio ao fim, como se fosse um recado louco do universo, te avisei, as coisas se arrumam tão facilmente quanto suas roupas mal jogadas durante a semana no fundo do guarda roupa. Lamentável dizer, mas isso volta e meia nos pega, e fica somente um sentido lógico para isso, você foi fisgado, os sinais, todos eles absurdos, as promessas de olhares silenciosos, os sorrisos e o respirar tão sincronizado sem nada ou meio comum, mesmo rodeado de todo o acidente, ao que parece meu amigo, lhe resta amoureux.