quarta-feira, 10 de maio de 2017

O gato

Ya no existen lazos
Alguien hizo trac, trac, trac
Sabe de uma coisa? Ele fala a frase enquanto pega umas folhas ao lado da cama e leva para uma mesa mais distante. Você não entenderia, ou eu já estive cansado de explicar. Mas você nem ao menos tentou, e depois deste tempo se transformou tão desinteressante quanto o mesmo assento que pegamos no ônibus todos os dias para ir ao trabalho. É confortável, familiar, mas não se espera mais novidade, para alguns dias até mesmo, ficamos esperando que algum pneu fure para ter o prazer de zangar. Então para você, mesmo quando dávamos errados ainda poderíamos dar certo? Chegaria um outro ônibus, assim como nos chegaria outras historias, nasceria em você ou em mim novos sorrisos, não tão livres de novas lagrimas, mas que talvez fosse de não perder o sentido de toda a viagem. Era importante manter a rota já que era sobre o destino final, ou como se leva esta que nos faz ou fez tão bem. Ele volta para cama, leva em uma mão uma caneca com meio café já frio, oferece um gole, coloca na mesa ao lado da cama e volta a deitar. Somos seres incompletos, e talvez por nos faltar tantas coisas mais intimas, nossos pequenos problemas foram abraçados por alguma coisa boa que nasceu aqui. No intimo podemos ser maus, ainda. Ainda dentro do possível nos nasce e transborda medo. Que horrível que foi deixar de amar, e que horrível mais é, depois de algum tempo, descobrir que esse pensamento, o deixar, estava errado. Sabe quando você acende um cigarro e uma coisa muito mais fantástica que o desejo de nicotina te distrai, todo aquele vicio que você carrega por anos, a necessidade que acorda pela manhã, muitas vezes mais rápido que o próprio alimentar ou respirar, bom, algumas vezes existe algo que te corta ao meio, você não percebe no momento, são tantas cores, não? Você olha apaixonado para o mundo, e quando volta os olhos para seu cigarro, bom, ele se queimou completamente sozinho e você não estava ali para degustar. Mas ai, você pega outro cigarro e acende, ela sorri. Não sobre cigarros, é sobre momento, ele continua. Ser alguém já absurdamente difícil, entender alguém é ainda mais difícil. E não estou falando de alguma incompetência, realmente acredito que não somos criados apara amar o próximo, e muitos de nos passa a vida procurando alguém para ser amado. É como aquela velha piada que sempre conto. Começamos a nos relacionar de alguém, amar alguém pois não nos suportamos, e acabamos por nos apaixonar pois esta pessoa magnífica consegue ver coisas boas e lindas e nos que nem mesmo nossos olhos acreditam. Por fim, amamos por ser amados, e não amamos por amar. Fale por você, ela responde ele, esse seu ego doentio que adora ver coisas e mundo na sua volta. Que fosse, ainda não sei o que pode ser, talvez alguma falha na distração, todos acabamos vivendo a vida de alguém e esquecendo de nos mesmo, por final ficamos por ser pessoas diferentes do que fomos. Mas não existe uma fórmula certa mesmo, quanto mais se meche nesta panela, mais o caldo engrossa, então ou você começa a gostar de mingau, ou troca por um novo copo de leite. Então ele vira para ela e lhe da uma abraço, ali as coisas se derretem nele, pois é do sentir do corpo próximo do seu, a fragilidade de sua pele, como ela entra em seu abraço para colher seu calor, e como tudo nela de uma hora para outra se transformava vulnerável. Nada corresponde mais um afeto que um abraço quente, existem coisas misteriosas que provavelmente vem de nosso primeiro abraço, mais intimo que um tocar de lábios, quando nos recebem com algum calor, e só por assim, nos desfazem os medos que frio da distancia nos trás. Você vai fugir de mim mais uma vez. Não vou, responde ele. Não foi uma pergunta, estou afirmando, logo tudo aqui, esse teu lar, essa tua paz, esse eu que por tanto tempo você amou, as fotos de aniversario, os frio de inverno, os verões perdidos com suas febres de loucura, suas teses e criticas, logo isso, nem mesmo minha bunda vai te ser suficiente, e mais uma vez você sumiria dentro destes olhos. Existia uma risada sua que eu gostava de ouvir, que de tão rara, era como eu sabia que você realmente estava em paz. Você pode me alimentar dela por mais alguns anos, mas o silencio desesperador de seus pecados não podem alimentar minha saúde mental. Um pequeno raio de sol desce pelo quarto, todos aqui sabem que aluz anda pelo céu, sempre tem fim em algum horizonte, diferente do que existe de mais belo na fria praia da Antártida, as geleiras dos mais altos picos de algum lugar da Ásia, é importante entender que a vida pode andar de maneira tão obvia e fria quanto a chegada de algum inverno. Sabemos que tanto as letras quanto as pessoas não são eternas, seria inocente querer dizer em absoluto que de nossa necessidade, nos da fim o não ter, uma hora dois ou vem ceder, seja morre a fome, ou morre quem tem. Algo vem se danar. Neste caso, neste caso é possível ver que ainda existe um caminho longo de algum verde, que vai por assim crescer para todos os lados possíveis, pois ali, no trecho que corre esta historia, nenhum dos dois volta a caminhar.

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